A água mostra quem não se vê
O recurso à água, não é uma qualquer referência abstractizável “a posteriori”, a pintura cerâmica não mima, nem nela se referencia o corpo obscuro da água, antes usa os gestos universais, lembrados, da vara que perscruta a superfície reflectora, das pedrinhas atiradas que desafiam e perturbam a emergência do “outro”. Os espelhos surgem na procura da água, na manipulação do espelho como no vidrado fluido, subitamente pesado em contacto com a sede da chacota. Nessa procura da pintura, às vezes deambulatória, outras vezes desesperada, a inconstância é verdadeiramente obscura e metafísica, mas não moral. Se alguma coisa permanece, é a vertigem diante do vazio ontológico e diante da possibilidade e o medo de se não reconhecer diante da imagem que é por vezes verso, por vezes anverso (…)
Tese de Mestrado em Pintura, FBAUL, 2004.
The water shows who can't see??
(…)The use of water is not an “a posteriori” abstract reference. Ceramic painting does not mime, nor does it refer to the obscure body of water, but uses the universal, remembered gestures of the rod that peers over the reflecting surface, the pebbles shots that defy and disturb the emergence of the “other”. Mirrors appear in search of water, in handling the mirror as in fluid glaze, suddenly heavy in contact with the thirsty biscuit. In this quest for painting, sometimes wandering, sometimes desperate, inconstancy is truly obscure and metaphysical, but not moral. If anything remains, it is vertigo in the face of ontological emptiness and the possibility and fear of not recognizing himself in the image that is sometimes verse, sometimes obverse (…)
MFA Thesis at FBA-Univ. Lisboa, 2004